DESMAME PRECOCE;
Respiração oral
O padrão correto de respiração pode sofrer influências
negativas do desmame precoce.
O lactente com aleitamento
materno mantém a postura de repouso de lábios ocluídos e
respiração nasal. Quando ocorre o desmame precoce, a
postura de lábios entreabertos do bebê é mais comum,
facilitando a respiração oral.
Leite et al.13, observando 100 crianças com idade entre
2 e 11 anos, verificaram que as que receberam mamadeira
exibiram 40% a mais de respiração oral.
A criança que recebe aleitamento natural nos primeiros
meses de vida tem maior possibilidade de ser um respirador
nasal, assim como a falta de amamentação natural pode ser
um dos fatores que contribuem para o surgimento da respiração
oral ou oronasal.
Num estudo com recém-nascidos, verificaram
que o aleitamento natural exclusivo favorece a
sucção normal, e o aleitamento misto induz alterações na
sucção, que podem levar à ineficiência do padrão motororal
da criança.
Tendo em mente o fato de que o desmame precoce traz
conseqüências no desenvolvimento motor-oral, na oclusão,
na respiração e nos aspectos motores-orais da criança,
ressalta-se a importância do aleitamento materno. O incentivo
a essa prática e o adequado padrão de sucção é a base
para a prevenção de alterações fonoaudiológicas no que se
refere ao sistema motor-oral.
Conseqüências do desmame precoce.
O desmame precoce pode levar à ruptura do desenvolvimento
motor-oral adequado, provocando alterações na
postura e força dos OFAs e prejudicando as funções de
mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons
da fala. A falta da sucção fisiológica ao peito pode interferir
no desenvolvimento motor-oral, possibilitando a instalação
de má oclusão, respiração oral e alteração motora-oral.
Straub43 aponta que o aleitamento artificial interfere na
realização das funções de mastigação, sucção e deglutição
e pode levar à presença de alterações na musculatura
orofacial, na postura de repouso dos lábios e da língua,
alterações na formação da arcada dentária e alterações no
palato.
Carvalho36 enfatiza que somente a sucção no peito
materno promove a atividade muscular correta. A mamadeira
propicia o trabalho apenas dos músculos bucinadores
e do orbicular da boca, deixando de estimular outros músculos,
tais como pterigóideo lateral, medial, temporal, digástrico. O excessivo trabalho muscular dos orbiculares pode
influenciar no crescimento craniofacial, levando a arcadas
estreitas e falta de espaço para dentes e língua. Induz, ainda,
disfunções na mastigação, deglutição e articulação dos sons
da fala, conduzindo a alterações de mordida e má oclusões.
Também a sucção do bico de borracha não requer os
movimentos de protrusão e retração da mandíbula, que são
importantes para o correto crescimento mandibular.
Fisiopatologia da sucção.
Nos primeiros meses de vida, o desenvolvimento motor-oral
ocorre através dos movimentos realizados pelos
OFAs (lábios, língua, mandíbula, maxila, bochechas, palato
mole, palato duro, soalho da boca, musculatura oral e
arcadas dentárias) durante a função de sucção.
A pega adequada da aréola e do mamilo é essencial para
a movimentação correta das estruturas orais durante a
mamada, e o lábio inferior deve estar evertido, possibilitando
que a língua avance até a linha da gengiva24,25. Quando
o RN suga apenas o mamilo, ocorre sucção ineficaz e maior
possibilidade de rachadura mamilar24,26.
A partir do momento em que ocorre a pega, o reflexo de
sucção é desencadeado e iniciam-se os movimentos de
língua e mandíbula. A língua tem a função de realizar o
vedamento anterior (aderida ao redor da aréola) e posterior
(contra o palato mole e a faringe), ordenhar a aréola, variar
o volume da cavidade oral e realizar a propulsão do bolo
alimentar23. Tem uma participação ativa durante a sucção,
realizando os movimentos de deslocamento ântero-posterior,
acanulamento (bordas laterais da língua aderidas ao
palato, formando um sulco na sua porção medial) e movimento
peristáltico (elevação da porção medial da língua
para a porção lateral e elevação de seu dorso conduzindo o
leite à faringe).
A mandíbula oferece uma base estável para os movimentos
da língua, auxilia na criação da pressão intra-oral23
e realiza movimentação vertical e horizontal. Este último
movimento comprime a aréola, trazendo, como conseqüência,
a liberação de leite14,21.
Nos primeiros 4-6 meses de vida do RN, não há dissociação
entre os movimentos da língua e mandíbula, sendo
que essas estruturas realizam o movimento em conjunto15,22,27.
Os movimentos de língua e mandíbula são sincrônicos;
além disso, lábios, mandíbula, bochechas e faringe
participam da sucção.
ALGUMAS Referências bibliográficas:
1. Harfouche JK. The importance of breast-feeding. J Trop Pediat
1970;16:135-75.
2. Mata LJ, Urritia JJ. Intestinal colonization of breast-fed children
in a rural area of low socioeconomic level. Ann N Y Acad Sci
1971;176:93-109.
3. Mata LJ, Wyatt RG. The uniqueness of human milk: host
resistance to infection; symposun. Am J Clin Nutr 1971;24:
976-86.
4. Jelliffe DB, Jelliffe EFP. The uniqueness of human milk: an
overview; symposium. Am J Clin Nutr 1971;24:1013-24.
5.
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