quarta-feira, 15 de julho de 2015

PORQUÊ DO CHORORÓ?

Bebê recém-nascido chorando - Foto: leungchopan/ShutterStock.com
"Embora os recém-nascidos possuam uma gama de sinais vocais, os pais prestam mais atenção ao choro, provavelmente porque eles estão mais ligados aos sinais de desconforto - e porque o som, por si só, seja tão desconcertante.O choro é claramente o pico mais alto do despertar de um bebê, numa escala que vai do sono profundo ao estado de alerta máximo.

O choro, de acordo com o especialista em vocalização infantil Peter Wolff, aparece como parte do comportamento do bebê dentro de meia hora após o nascimento e permanece estruturalmente consistente até entre o segundo e o sexto mês de vida, dependendo do bebê (depois disso, o repertório do choro expande-se). Neste ponto, 3 tipos de choro podem ser distinguidos:
- choro de raiva, quando um grande volume de ar passa pelas cordas vocais;
- choro de dor, quando começa subitamente, sem aumentar de forma gradativa e inclui longos períodos nos quais o bebê segura o fôlego;
- choro de frustração (os pesquisadores obtêm esse choro facilmente ao colocar uma chupeta na boca do bebê e retirá-la repetidamente).


Alguns pais percebem uma mudança no choro do bebê por volta de 3 meses. Muda de choro "expressivo", quando todos os choros parecem o mesmo, independentemente do problema, para um choro "comunicativo", mudando de acordo com a situação.A mudança faz sentido porque um somatório de mudanças físicas e especialmente neurológicas acontecem no cérebro do bebê por volta dos 3 meses (sugerindo que bebês humanos nascidos a termo nascem na realidade 3 meses prematuros, segundo aspectos biológicos). Ronald Barr explica que o choro começa na vida como uma reflexão do estado do bebê e torna-se, através de aprendizado e reforço, mais uma questão de comunicação entre o bebê e as pessoas que cuidam dele.Bebês também reclamam, o que é uma expressão arrítmica de infelicidade, um choro forçado que vem em pulsos, cheio de pausas e inalação de ar. Como qualquer pai e mãe sabem, reclamação, embora irritante, não é aquele berro desesperador e exigente.Em média, um bebê ocidental chora 22 minutos por dia nas primeiras 3 semanas de vida e 34 minutos por dia até o final do segundo mês. O choro gradualmente diminui para 14 minutos por dia por volta de 12 semanas de vida. Esta curva do choro, com choros freqüentes durante as primeiras 8 semanas de vida e diminuição após as próximas semanas e meses é encontrada tanto em bebês ocidentais quanto nos bebês de tribos isoladas na África. Um estudo entre bebês coreanos não encontrou tal padrão.

Universalmente, bebês tendem a chorar mais no final da tarde do que em qualquer outra hora do dia.No início da vida, os bebês choram por fome, necessidade de contato físico ou por frustração. As mães muitas vezes ouvem o choro de frustração como um "choro falso" porque o bebê não está com fome, nem há nada de errado com ele. Mas o fato é que NÃO EXISTE CHORO FALSO. O bebê está chorando por precisar de algum contato - interação pessoal e social, ou porque está entediado.Alguns desses choros e vocalizações são claramente precursores da linguagem.Por volta do segundo mês de vida, choro, reclamações e vocalizações (gritinhos) tornam-se sessões de treinamento vocal. Quando reclamando, principalmente, os bebês inventam sons novos. Logo tais vocalizações rapidamente se diversificam e o bebê começa a conduzir conversas privadas consigo mesmo, ouvindo a própria voz.
Quando os pais falam com o bebê usando voz infantilizada (e estudos mostram que isso é presente em todas as culturas), análises espectrográficas mostram que, embora os bebês não possam imitar os sons por muitos meses, desde os primeiros meses de vida eles tentam responder usando seu limitado repertório vocal. É importante falar com o bebê, parar e dar tempo para que ele possa responder.

Nas nações industrializadas ocidentais, os pais deduzem que o choro do bebê está primeiramente e essencialmente ligado à fome. De fato, algumas mulheres nessas culturas freqüentemente interrompem a amamentação e passam a dar leite artificial ao bebê porque acreditam que o choro excessivo significa que o bebê não está recebendo nutrição suficiente através do seio.Pesquisadores sabem que o choro no início da vida tem uma ampla espectro de funções. Pode ser controlado por vários métodos e comida não é sempre a solução.
 Nos anos 60, numa era em que pais americanos eram instruídos a deixarem seus bebês chorando, Wolff fez uma série de experimentos para descobrir o porquê de esses bebezinhos serem tão infelizes. Ele tentou dar uma chupeta para determinar se gratificação oral, sem nutrição, acalmaria um bebê aos berros. Funcionou. Ele depois testou uma série de bebês com fraldas molhadas. Ele punha fraldas secas em metade deles e molhadas na outra metade. Ambos os grupos eram acalmados e não pareciam ligar se a fralda estava molhada ou não. Wolff concluiu que os bebês simplesmente apreciavam o estímulo e a sensação física de estarem sendo trocados. Ele questionou a idéia de que os bebês choravam de frio. Testou e viu que os bebês colocados em berços frios choravam mais freqüentemente, indicando que o calor pode reduzir o choro.


                                                                                                                   BJS.



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