Cólica de Recém-Nascido
CÓLICA DE RECÉM-NASCIDO
Em pediatria é freqüente aparecer o quadro denominado: cólica de recém-nascido. É um quadro que aparece logo nos primeiros dias de vida e via de regra se estende até o fim do 3º mês. O bebê se põe a chorar com freqüência e tudo o que se faz por ele é insuficiente para aquietá-lo.
Se a mãe amamenta ao seio, ele o rejeito para chorar. Se o pediatra sugere alimentá-lo com mamadeira, ele também a rejeita, e se põe a chorar. Se estiver com a fralda molhada, chora. Trocando-se a fralda também se põe a chorar. Quando se aquece o bebê ele chora. Se o descobrirmos, continua chorando. Se o embalamos ele chora. Se o colocamos no carrinho ou no berço, então chora mais ainda. Enfim, nada está bom para o bebê e ele se retorce de cólicas.
È claro que várias medicações são indicadas, desde anti-espasmódicos até medicamentos fortes que fazem o bebê dormir, mas ainda assim, as cólicas continuam e mesmo com o uso de medicações apropriadas para a pediatria, às vezes, os casos assumem um contexto desesperador.
Os pais “não sabem mais o que fazer”. A mãe, especialmente, se sente incapaz e muitas vezes até se sente culpada, pois como mãe não é capaz de aclamar o bebê. Ela não é capaz de “entender” o bebê. Ela sente que a situação se torna incontrolável.
Quando a cólica de recém-nascido ocorre, sabemos que estamos frente a um caso onde “tem vó por perto”. As cólicas de recém-nascido ocorrem, na quase totalidade, com “mães de 1º filho”, onde existe a proximidade de uma avó ( mãe ou sogra da mãe do bebê), a qual tem grande experiência em criar vários os bebês (são avós que tem vários filhos, passaram pela experiência da maternidade várias vezes e adquiriram grande experiência com bebês; elas sabem tudo sobre bebês).
A mãe do bebê que tem cólica, está atravessando sua primeira experiência com bebês. Ela tem dúvidas, que são naturais. Às vezes se sente insegura quanto ao que fazer ou quanto à melhor conduta a tomar. No entanto, como a avó tem grande experiência, ela começa a dizer “o que deve ser feito”. A mãe do bebê, sem perceber, se compara com a “sabedoria” da avó e percebe que a aquela diz o que deve ser feito de modo seguro. A mãe do bebê compara a sua insegurança com a segurança da avó. Passa a aceitar os “conselhos” da avó e aos poucos acaba fazendo somente o que a avó está dizendo para ser feito. Assim, a mãe vai sentindo que não consegue fazer o que quer.
A mãe do bebê passa a ter medo de fazer algo e ser criticada, pela avó ou por seu marido. A mãe do bebê entra num estado de tensão, insegurança, aborrecimento e insatisfação tão grande que passa toda essa energia ruim para a criança. Em meio a tudo isso a criança continua chorando mais e mais.
Nestes casos, de cólica de recém-nascido, é comum que a mãe adentre o consultório carregando a sacola do bebê, e a avó, entra com o bebê no colo, embalando-o. A avó se mostra como se fosse a mãe do bebê. Amãe se parece com uma auxiliar que apenas carrega a sacola.
Durante a consulta, é comum a avó (que permanece com a criança no colo) responder às perguntas do médico. Muitas vezes a avó diz ao médico: “-Desculpe eu estar respondendo Doutor, mas é que eu sei melhor o que a criança sente, pois eu tive vários filhos e tenho muita experiência, de modo que posso informar melhor”.
È necessário esclarecer a mãe sobre o que está ocorrendo. É preciso explicar detalhadamente o que se passa na relação mãe-filho-avó-família. É preciso que a mãe entenda seus sentimentos e que os aceite. A mãe precisa entender que o que está ocorrendo não pode ser resolvido através do modo verbal. É uma questão de energia e das emoções que estão interagindo em sua casa.
Encorajamos a mãe a “assumir” o bebê. Em outras palavras, mostramos a ela que o bebê “é seu”. A avó já teve os dela. Agora é a vez da mãe. É hora de criar o “seu” bebê. Ela deve cuidar dele segundo os seus próprios desejos, mesmo que algo possa sair errado. É preciso manter a avó na distância correta. É preciso que a mãe aceite e não se importe com as críticas.
Quando a mãe se conscientiza do que está ocorrendo, do seu papel de mãe, de sua insegurança e assume as responsabilidades por suas próprias opções, a cólica de recém-nascido desaparece em poucos dias.
BJS.
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